Real, imaginário, paisagem, pessoas, coisas, abstrato. O espaço humilde de um poeta na alma, sem armas na mão.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
A noite tece
Com fina prece
Contra o universo
Padece
Um arco forma
Na rua dobra
A sombra passa
E esquece
Na madrugada
Entreva tudo
Como se vida
Tivesse
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Madrugada, poema, vento
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
COSMOPOLITA
Viver de quase azul
Sem saber sobre a mesa
Sobremesa
Serra paz
Reina o Sol
Silenciar respiro
Sentir que sem ti sigo
E acordo
Se hoje acordei cortando os cordões
As cores percorrem o caule a desabrochar
Sou e já sei , sei lá se sou já
Distante ironia do instante do dia
Passa a pó, assa a fé, tomba e ri
Caça na raça cada aprendiz
Gato preto
Tenta e são tempos tão curtos, sutís
Fim, nada, danada flor infeliz
Catavento
Para ver não há
Nada mais que um breve entardecer
Cair no chão
Pássaro passado passa a vez
Ser sabe lá, rede noite ver como o Sol
Ser o que sou
Pó, breu, perdi a cosmopolita
Uns dizem que o Luar é belo por fora
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Egoísmo
A minha poesia morde. Come daquilo que mordeu. Ela é um bicho, dentado, literalmente. A minha poesia existe de fato, anda, corre, respira e dorme roncando. Ela escarra na rua e bate a cabeça no meio fio, mal educada e solitária, mal cuidada e marginal. A minha poesia olha mas não vê, é obstinada e superficial. O resto é tudo aquilo que escrevo e que é de todos. A minha poesia é uma só e é só minha.
Um jovem escreve em aquarela
Um jovem escreve em aquarela.
Já desde o início era assim
Via flores e palavras lhe vinham
Via estrelas e versos inteiros apreciava
Um jovem calado
mas alado com as letras
Ainda me lembro bem
Mas não o sou
Talvez um dia
ele volte sereno a pular com suas estrofes sem forma
Quem sabe
Foi viajar para sempre
E não comprou passagem de retorno
Por quem será dobrado o origami de vento?
Por quem será dobrado o origami de vento?
Uma sombra passa e o infinito se curva a ela
Mãos de sedas imaginárias percorrem uma forma geométrica
Uma rima é tirada do eterno, como brasa da fogueira
De um modo silencioso, uma quieta maneira
Dobra de um lado a outro
como brincadeira
Mas, quanto mais dobra, algo maior se desenvolve
algo além das esperanças
que desce calmo, que cai como pena
E na Terra pequena vem morar
Um origami de vento, que escreve um poema ao Luar.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
FRASE DO DIA
Traços diagonais
Para o poema
Para o poema é preciso estar no eterno, mesmo que seja um lapso, como se palavras viessem do infinito. Para o poema é preciso atenção sonhadora, criadora de mundos que evolui idéias. Para o poema é preciso não ser algo físico, algo individual. É necessário ir-se como alma pura, algodoar o corpo em dança e movimentos. Para o poema tudo que é vivo desaparece e tudo o que se foi do universo retorna. Nem o verso, nem o lápis nem o lábio que expõe a palavra se entrega no poema, ele é onipresente e de ninguém.